domingo, 24 de abril de 2011

Tributo a Sathya Sai

Hare, Rama!

Hare, Krishna!

Hare, Sathya Sai!

Como devotos amorosos e tementes, muitos dos seis milhões de seguidores de Sathya Sai Baba lamentam e choram, no dia da páscoa cristã, a morte do seu grande guru. Outros, porém, conscientes da trajetória tríplice do avatar (encarnação ou reencarnação de um deus), apenas o louvam e abrem seu coração para o retorno em breve do seu mestre e deus.

Para quem não sabe, Sai Baba é uma das emanações divinas que já encarnou na Terra como Rama, Krishna, e então Sai Baba, nesta última vivendo uma encarnação em três fases. A primeira, como Baba de Shirdi, ele foi tido como homem santo que reuniu no seu entorno muçulmanos e hindus, que se odiavam entre si, e mesmo assim congregavam para adorar ao mestre igualmente.

Shirdi, em seu leito de morte, anunciou que reencarnaria oito anos mais tarde, o que ocorreu com o nascimento de Sathya.

Sathya, por sua vez, desde tenra idade teve a consciência de quem era e é. Aos 5 anos já era venerado como futuro guru da Índia e por volta dos 15 anos deixou a casa materna para montar o seu ashram (comunidade formada intencionalmente com o intuito de promover a evolução espiritual dos seus membros, frequentemente orientado por um místico ou líder religioso).

Em determinado momento, anunciou que morreria aos 96 anos e que reencarnaria dois anos depois, para cumprir com a terceira e última etapa desta tríplice encarnação, desta vez como Prama Sai Baba.

Sathya Sai morreu neste domingo, 21 de abril de 2011, aos 85 anos, cerca de dez anos antes do previsto, de falência múltipla dos órgãos. Podemos imaginar que a antecipação de sua morte seja algo relacionado às intenções do Senhor Javé quanto ao cumprimento do segundo advento do Cristo, uma vez que as atenções do mundo devam se voltar prioritariamente para este evento, o que seria mais difícil com Sai Baba encarnado, e sendo este um dos que deverão acompanhar o cortejo daquilo que Jan Val Ellam idealiza como sendo o primeiro grande evento de contato direto da reintegração cósmica da Terra.

Na qualidade de deus, Sai Baba, para a concepção humana, poderia dividir opiniões e entendimentos, caso permanecesse encarnado quando da vinda de Jesus, enquanto Javé se esforça, por todos os meios que lhe são possíveis, por trazer para a comunidade terrestre e cósmica a consciência de que ele é quem é o criador e senhor absoluto deste Universo.

O cumprimento antecipado da segunda etapa da encarnação de Sai Baba não diminui a importância da sua influência na Índia e no mundo. Seu legado na educação, através do projeto Educare, cuja aplicação foi sempre disciplinada e dirigida para a maior evolução dos humanos, nunca envolvendo relações comerciais e sempre trazendo à responsabilidade educandos, pais e educadores, transformou-se no maior projeto de resgate e sobreposição dos valores humanos que o mundo já viu.

Tal projeto, pela força amorosa e de verdade que carrega, finalmente derrubou as barreiras fronteiriças que separavam a Índia do mundo, sobretudo, do Ocidente, conquistando no globo mais de setenta e cinco milhões de devotos conhecedores e muitos deles praticantes do método educacional.

Para atender às tradições da cultura hindu, Sathya Sai Baba também foi um fazedor de milagres curando e manifestando na matéria o que bem quisesse manifestar, prática esta típica dos mestres, gurus e líderes religiosos da Índia desde há muito. Porém, o que os olhos não viram, mas o coração mais sensível sentiu, foi o seu trabalho silencioso no amor que, ao espalhar pelo mundo, foi capaz de dirimir ações que poderiam resultar na derradeira guerra atômica com a consequente destruição da humanidade neste planeta.

O mundo estaria muito pior não fosse a presença materializada de Sai Baba durante esta sua segunda etapa encarnatória.

Nossa gratidão, amor e devoção neste dia, que nos coloca, antes de tudo, em estado de alerta para os acontecimentos do porvir, mas que também é vívido, por ocasião da comemoração da Páscoa cristã, no quesito renascimento.

O desencarne de Sai Baba no dia em que se comemora a ressurreição de Jesus é, no mínimo, um tema para reflexão, justamente porque coloca dois deuses cujos seguidores, a exemplo do que ocorreu entre hindus e muçulmanos com relação a Baba de Shirdi, em posição de similaridade no inconsciente coletivo do mundo. É, portanto, uma maneira capciosa de provocar, no psiquismo ocidental, uma comunhão conclusiva desses dois avatares que estiveram desde a criação deste Universo acompanhando e cocriando com Javé.

Isto, mesmo sendo interpretação simplória, é a base psíquica para aceitarmos melhor o que virá em termos de aceitação a Javé e aos seus desígnios, colocando-nos em condição de cuidarmos melhor e mais do nosso íntimo, sobretudo, na questão da divindade interior.

Que possam, os esforços de Sathya Sai, se agigantarem e ecoarem em nossos corações e vida prática no sentido de nos tornarmos seres melhores a cada dia, praticantes incondicionais e conscientes de suas sementes de verdade, amor, paz, retidão e não violência.

OM SAI RAM!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Livro de Eli

O testemunho da fé e dos valores verdadeira se revela através da visão futurista do filme O Livro de Eli causando grande impacto de consciência.


O filme produzido pela Columbia Pictures e distribuído pela Warner Bros. desde janeiro de 2010 (em Portugal e Brasil só chegou em março, respectivamente nos dias 11 e 19) não foi recorde de bilheteria nos Estados Unidos somente por conta do imbatível Avatar, porém, garantiu o sucesso da estreia.

A repercussão pelo mundo não deixou por menos, se considerarmos o índice de arrecadação de U$157.057.949,00, ao final de sua exibição.

Classificado como ação e ficção científica, o enredo de Gary Whitta reescrito por Anthony Peckham trata, na verdade, do futuro terreno provável, caso a humanidade não mude drasticamente hoje o seu modus vivendi, sua relação com a natureza e com os valores com os quais ajusta seus comportamentos socioambientais.

Envolvido por uma película que desbota a cor natural, o filme aparenta um mundo acinzentado pela ação devastadora de uma guerra que quase dizimou a humanidade deixando apenas poucos sobreviventes e pouquíssimos recursos de sobrevivência.

Numa nova terra sem lei, dois personagens fortes aparecem como articuladores de uma nova etapa, pós-apocalíptica: Eli (Denzel Washington), uma espécie de agente de Deus que tem a missão pessoal de recuperar a divulgação da Bíblia sagrada, cujos exemplares foram queimados todos, menos o que Eli carregava consigo, e Carnegie (Gary Oldman), uma espécie de prefeito de um vilarejo remanescente que procura pelo livro sagrado com o intuito de governar o mundo através do poder e do medo que a Bíblia poderia lhe ofertar, conforme fora no passado.

Carnegie subjuga as pessoas do vilarejo com sua intelectualidade e poder econômico maior. Mantém uma mulher cega como companheira, e à filha desta, porém as trata como meras escravas.

Eli, por sua vez, luta por uma sobrevivência idealista com o objetivo de encaminhar-se para o Oeste e ali poder encontrar um lugar que recebesse e tratasse a Bíblia com seu devido valor, com pessoas ou alguém que pudesse trabalhar ao seu lado pela divulgação da palavra pela fé, e não pelo domínio.

Quando os dois se encontram, Carnegie, reconhecendo a superioridade intelectual, moral e física de Eli, propõe trabalho ao forasteiro, desde que este lhe entregue o último exemplar do livro que tanto deseja obter.

Negando entregar o livro ao ambicioso "prefeito", Eli sai ileso do vilarejo, amparado pelas forças divinas que o protegem de qualquer ataque, inclusive, dos grupos de humanos que caçam humanos para comer suas carnes, em nome de uma sobrevivência amoral e contaminante que se instalara no planeta.

Segue-o a jovem Solara (Mila Kunis), filha da cega Claudia (Jennifer Beals), que se sensibilizara com as poucas palavras e práticas introduzidas em sua vida por Eli no pouco contato que tiveram. Eli a rejeita, mas depois, vendo-a em perigo, recorda os preceitos da Bíblia e a salva, aceitando-a como companheira de jornada.

Interpelados por Carnegie e seus comandados, Eli é baleado e acaba entregando o exemplar da Bíblia para o déspota, em troca da vida da jovem.

Os dois, então, vão para o Oeste e enfim encontram um livreiro que se empenha por recuperar a cultura do mundo e se digna complacentemente a editar e reproduzir o livro sagrado.

Eli, ferido e já no fim de suas forças, não se demora e surpreende quando simplesmente dita o livro inteiro para o livreiro, mostrando que os 30 anos em que esteve à busca de seu destino lhe serviram para absorver o compêndio a esse nível de decorá-lo por inteiro.

Concomitantemente ao trabalho de Eli, o braço direito de Carnegie se empenhava a abrir o complexo fecho que separava o déspota do tão almejado tesouro. Uma vez que o conseguiu, porém, descobriu que o livro estava todo escrito em braile, o que impossibilitava sua leitura, a não ser por Cláudia, que recusou fazê-lo, supostamente por indicação do próprio livro, que seu algoz abrira ao acaso e colocara à sua frente para que ela lesse para ele.

Eli termina seu trabalho e morre, mas antes clama a Deus que proteja a jovem da mesma forma como o tivera protegido até então. Solara toma posse das armas de Eli e sai em jornada própria com o intuito de regressar à casa, onde poderia, ao lado de sua mãe Claudia, iniciar nova semeadura das leis de Deus.

Apesar de muito pouco comentado no Brasil, O Livro de Eli é um retrato fiel da fé exigida por Javé a seus escolhidos e, por extensão, a todos os que se dignam a tornarem-se fiéis ao Senhor criador do Universo, acolhendo propriamente os preceitos mais básicos: abraçar o desígnio ditado por Deus com total abnegação, perseverar na missão até sua conclusão, confiar na proteção ofertada para enfrentar os desafios do percurso, entender que a tarefa é particular e não se desviar do caminho para atender às necessidades de outrem, sabendo que tal desvio é impedimento para a conclusão da tarefa ("isto não é problema meu" é, no filme, o jargão que exprime o esforço necessário para todos os que trabalham efetivamente para a causa de Javé, uma vez que toda energia gasta com aqueles que não despertam sua mente para a Lei e insistem na vida obscura da ignorância é mero desperdício). Por último, ainda tem-se a doação extrema de si para o benefício da humanidade (já que, ao final, ele próprio não sobrevive para usufruir os resultados da empreita).

Recomendo o filme para todos os que desejam conhecer os meios de atuação de Javé e como, por outro lado, se deve dar testemunho à fé a ele devotada.

O outro ponto positivo do filme é o panorama de destruição que denuncia um futuro muito provável para nossa humanidade, já que somos os reis do desperdício e do emprego equivocado da inteligência e da fé. Como base para reflexão, é de fato imperdível.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A síndrome dos excessos

Os excessos e seus problemas têm sido causa de grande pesar para a humanidade. Para mudar a questão, necessário o emprego da consciência; se não pela razão, pela religião.

A princípio, homens e mulheres se reuniam em pequenas comunidades onde sabiam pensar e agir em grupo, visando ao bem comum. Os homens caçavam e pescavam enquanto as mulheres colhiam frutos. O exercício e as dificuldades enfrentadas na busca pelo alimento determinaram a vida sem excessos alimentares, bem como o equilíbrio entre a quantidade ingerida de alimentos/nutrientes e a energia gasta com as atividades cotidianas. O que se tinha eram homens e mulheres fortes, e não gordos.

Além do aspecto físico, o senso de responsabilidade grupal também dava equilíbrio à vida humana. Porém, a humanidade não se satisfez com a vida simples e comum. A inteligência, coroada pelo livre-arbítrio, fez com que alguns membros, notadamente, do sexo masculino, se destacassem e buscassem alguma diferenciação.

Surgiram, então, decorrente da fase chamada de Astrolatia, os “agentes de interpretação do divino”, que mais tarde seriam chamados de “sacerdotes”, homens ditos mais inteligentes que, pela sua intelectualidade, não se davam às tarefas práticas do cotidiano, que envolviam esforço físico. E como as atividades mentais exigem outro tipo de nutrição e não se sabia disso, começaram aí as carências alimentares de um lado e os excessos de outro.

Este fator em questão desencadeou uma relação de importâncias sociais em que os que se destacavam em inteligência e assumiam postos de sacerdotes (especialistas em decifrar as mensagens dos deuses astrais) se sobrepunham aos demais, destinados às tarefas braçais, com os primeiros exercendo poder de comando e influência sobre estes.

A humanidade estabeleceu, a partir de então, uma relação de poder e dominação: do mais forte para o mais fraco, do mais para o menos inteligente, do mais rico para o mais pobre e assim por diante. Porém, o modo de se alimentar e viver a vida não se adaptou ao surgimento das diferenças. Perdeu-se totalmente o senso de importância do grupo e o individualismo calcado na ignorância, e não no aperfeiçoamento pessoal, suscitou nos grupos disputas pelo poder através dos espaços e graduações que cada um conquistava na sociedade.

A lei do “pode mais quem tem mais” se instaurou sorrateiramente no comportamental humano e refletiu no campo da alimentação. Não foi à toa que a Renascença, que foi o ápice desse processo, foi marcada pelos excessos; tanto, que o bonito na época era ser gordo.

Durante muito tempo, desde a febre renascentista, gordura era sinal de saúde e esta foi uma crença certa até meados dos anos sessenta, quando livros como “A Vida do Bebê”, do Dr. Rinaldo De Lamare, se espalharam no mundo ocidental enaltecendo a boa alimentação, nutritiva e sem excessos, como fonte de saúde. Mesmo assim, somente no final do século passado, com a constatação do aumento considerável no índice das patologias e mortes associadas à gordura é que essa ideia começou a preocupar a população a ponto de provocar uma mudança drástica em seus hábitos.

Todavia, o excesso desenvolveu-se em forma de síndrome, através da qual a obesidade é apenas o mais temido de seus sintomas.

Cientistas e biólogos afirmam veementemente que o aumento da obesidade no mundo atual, que atingiu um ponto realmente crítico, tem origem na grande oferta de alimentos e sua característica facilidade em consegui-los, proeminente em nações em desenvolvimento acima. Juntem-se a isto as frustrações emocionais, o corre-corre desmedido pela eterna conquista de algo novo e maior, o distanciamento entre as pessoas, que também competem entre si pela própria realização, e tem-se o quadro discrepante que acusa o aumento exagerado do índice de obesidade em grande parte do mundo em oposição à fome desmedida em certos países, especialmente, africanos, onde muita vez o alimento servido é bolacha de barro batido para comer e urina de vaca para beber.

Embora se tenha conhecimento do que rege e determina uma boa alimentação para cada tipo de indivíduo, a humanidade prefere fechar os olhos para o que sabe e levar uma vida “prática”, alimentando-se de pratos rápidos para sustentar um corpo que quase não se movimenta mais, prostrado que fica diante dos computadores pessoais que conecta sua mente ativa com o mundo.

A necessidade de adaptar o tipo de alimentação para seu estilo de vida, bem como o crescimento de mortes por decorrência da obesidade, parecem não ser conhecimentos suficientes para mover o ser humano para uma mudança significativa nos hábitos alimentares. Isto nos leva a crer que este tipo de descontrole está ligado a outros, que juntos formam uma espécie de síndrome do excesso

Culpa disto pode estar no pensamento cartesiano, que impede ao ocidental de colocar seu foco para além da visão de mundo que já se tem e que está perigosamente associado ao capitalismo consumista.

Notemos, pois, que não há. De fato, uma consciência plena das necessidades humanas, uma vez que o ser humano comete excessos no poder que conquista e na conquista desmedida por obtê-lo; no falar que julga sem investigação prévia e fere sem zelo pelo moral. Há excessos na política que deseja o domínio e não a justiça e o desenvolvimento; e há excesso no exercício do livre-arbítrio humano, que a nossa raça terráquea insiste em confundir com “fazer o que vier à telha”.

Numa época em que se difunde a sustentabilidade nos meios ambientalistas, que futuro a humanidade pode esperar se não guarda este princípio para a própria sobrevivência da espécie?

Obviamente, não estou mais falando somente de obesidade, mas da total falta de consciência de que, para que possamos existir amanhã e depois de amanhã, urge enfrentarmos com coragem hoje as nossas idiossincrasias para aprendermos, definitivamente, a viver apenas com o necessário, erradicando por completo as carências e, sobretudo, os excessos. Pois são estes os elementos que mais insultam a inteligência que elevou o homem à condição de Homo sapiens sapiens.

Se o leitor não compreender o sentido do que foi posto aqui pelo filtro da ciência ou da medicina, nem mesmo pelo olhar filosófico que pretende encontrar e enaltecer a verdade, que olhe com os olhos herdados do catolicismo, que classifica como pecado a prática de toda gula, seja ela por alimentos, bens ou por poderes.

Lúcia Roberta Mello

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O amor aproxima

O amor é sempre atrativo. Não somente de um jeito
sensual, como estamos acostumados a atribuir o amor, mas de um jeito magneticamente irresistível, que atua desta mesma forma em qualquer corpo ou dimensão existencial.
Masaru Emoto, um fotógrafo japonês, resolveu fotografar cristais de água em vendo-os tão diversos, submeteu-os às emanações humanas. Então, descobriu que as moléculas da água se agregam ou se afastam conforme a emanação é de boa ou má qualidade.
Os estudos de Emoto, apesar de não haver respaldo científico, é uma prova de que isto ocorre.
Quando o amor irradia por nosso corpo, ele alimenta cada partícula da água da qual somos feitos, aproximando irresistivelmente as moléculas do nosso sistema, que passam a vibrar em harmonia, gerando um estado de saúde plena. É isto o que buscamos e é apenas isto que Jesus nos recomendou: o amor.
O amor como forma de purificação: "Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro" (1 Pedro, 1:22). E o amor como forma de unificação com Deus: "Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus" (Mateus, 5:44).
Estamos vivendo uma época difícil, na qual o maior desafio é a ausência de amor em nossos corações. Pois que esta carência nos afasta uns dos outros e nos afasta de Deus.
Gandhi nos ensina acerca disto com a seguinte história:
Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:
– Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
– Gritamos porque perdemos a calma – disse um deles.
– Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? – Questionou novamente o pensador.
– Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça – retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar:
– Então não é possível falar-lhe em voz baixa?
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então, ele esclareceu:
– Vocês sabem por que se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo:
– Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.
O amor ensina irradia nosso eu superior, cura as mazelas de nossa alma, liberta-nos dos grihões da carne e da ignorância e pronuncia a voz de Deus através do que somos.
Lúcia Roberta Mello

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Apoio à Presidenta!

As eleições levaram Dilma Rousseff à presidência da República, como era o esperado e foi apontado pelas pesquisas. Parabéns à mulher, que registra o gênero pela primeira vez na história das presidências do nosso país e se autointitula "Presidenta", e não presidente, talvez pelo fato de o termo ter sido criado para marcar a alguma atuação da mulher na sociedade, numa época em que mulher era apenas dona de casa ou esposa de. O termo, então, teria sido criado para dizer que a mulher do presidente passou a atuar na política como primeira dama, interagindo com a população através das obras assistenciais do governo. Nos países de língua portuguesa, o termo sempre indicou apenas isto: a esposa do presidente.
Já que o termo não é próprio de diferenciação de gêneros, posto que presidente é uma palavra comum aos dois, muitas pessoas recorreram aos dicionários, só pra ter certeza.
No Houaiss, “presidenta” é a forma feminina de “presidente”; já o Aurélio, diz que a palavra pode ser usada no masculino e feminino, e também acata o uso de “presidenta”, que por sua vez é definida como “esposa do presidente” ou “mulher que preside”.
Fato é que, a exemplo da dama da Casa Rosada, Dilma quer ser chamada de Presidenta, ressaltando a importância de ter se tornado a primeira mulher na presidência do Brasil.
Um feito importantíssimo para nós, que sempre lutamos pelas igualdades.
E foi com discursos positivos e animadores que Dilma, a primeira Presidenta do Brasil, comemorou sua vitória nas urnas. E é com o respeito que devemos a qualquer dirigente de país, nos posicionamos com corações esperançosos e mente aguçada e atenta, desejando mesmo que esta governança fuja à qualquer perspectiva assustadora e resulte num crescimento efetivo das possibilidades do povo brasileiro, respeitando-lhe suas individualidades e direitos de expressão, qualidade de vida e opinião.
Estejamos atentos e vigilantes, portanto, para que andemos na rampa da lucidez, e não na prancha do abismo. Para tanto, precisamos nos munir de madureza espiritual e equilíbrio emocional; caso contrário. não passaremos de cegos guiando cegos ou sendo por eles guiados.
É importante que tenhamos nossas certezas calcadas na luz do discernimento, e não nas trevas da paixão. Tenhamos, pois, a razão, a observação e os preceitos de Jesus como lume guiando nossos passos e escolhas.
Pois que Jesus disse: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!" (Apocalipse, 3:15).
E disse ainda: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus." (Mateus, 5:37-48).
Nestas palavras, Jesus esclarece uma conduta política que está acima do que sempre praticamos na Terra. porque estamos acostumadoa a transferir nossas responsabilidade para outrem, por conta de seus títulos e encargos. porém, é de nossa responsabilidade própria a construção da nossa evolução e d a nossa realização pessoal.
Assim, respeitemos a todos os governantes: àqueles com os quais afinizamos, àqueles de quem duvidamos e àqueles dos quais desconfiamos. Andemos com eles proximamente, para cuidar se o que fazem são de coerência com o que prometem e, principalmente, para que, na falha deles, possamos nós mesmos nos adiantarmos e darmos nossa colaboração positiva no sentido de ajudarmos a construir um mundo melhor.
É tolo aquele que se deixa cegar pela paixão, pois alguém emprestará de si os seus ideais e fará deles o que bem quiser, e isto poderá se revelar contrário, na forma, do que você desejou de fato; e nada poderá ser dito ou feito depois. Lembremo-nos de que não é a fala, mas a ação que define o estado e o rumo das coisas.
Então, que nossas ações, antes de todas, andem em comunhão com nossos anseios e que, por isto e pelo bem da humanidade, que possamos lutar pacificamente pela construção de um mundo melhor.

domingo, 17 de outubro de 2010

Mamãe! Votar em quê?

Quando a questão é votar em que e não em quem, é sinal de que estamos muito mal servidos de candidatos. Afinal, quem é que pode representar o povo na presidência do Brasil?

Vergonhosamente, a campanha final para as eleições presidenciais de 2010 se transformou em palco para uma batalha inglória da qual o povo sai perdendo mais. A onda do eu fiz isto, o outro lado fez aquilo, parece mais um teatro armado para distrair a nossa atenção, impedindo-nos de ver que, de fato, faltam propostas sérias para o nosso futuro.
Ambos os candidatos querem fazer o país continuar avançando. Porém, muitas vezes, avançar significa atirar-se no abismo da inconsequência. E eu, realmente, não sei dizer para onde cada um pode mesmo levar nossa nação.
O Lula, sem dúvida, é um ícone nacional. Sua diplomacia, forjada nas máquinas de fundição sindical, deu-lhe o carisma necessário para conquistar a massa e dois mandatos seguidos. Caso tivesse sido barrado antes do segundo mandato, o país teria ficado numa situação insustentável, já que ele tirou os quatro primeiros anos para viajar para o exterior, negociando com os poderes do mundo o que FHC planejou, mas não realizou. Pagou a dívida externa com o dinheiro da segurança e da saúde nacionais, usando o “bolsa família” para barganhar votos com a massa.
Os investimentos com marketing, que constituíram prioridade em todo o primeiro mandato de Lula, mais uma vez surtiram efeito positivo para o governo, que se reelegeu.
O plano “fome zero” que elegeu Lula pela primeira vez, não se cumpriu; mas ele se deu por satisfeito com o pouco que fez e lançou o PAC, que também não se cumpriu. Como disse Marina em sua campanha de eleição no primeiro turno, “o PAC não é um planejamento, mas um acúmulo de projetos”; e o governo não conseguiu concretizar nem 50% dos objetivos da primeira versão do programa.
Apesar de o próprio presidente Lula reconhecer esta marca, o governo anunciou, em julho deste ano, o PAC 2, para iludir o povo de que o país está “avançando”.
O mesmo mote de campanha, que nada mais é do que o velho modelo “pão e circo” romano, conquista, para o segundo e derradeiro turno, as camadas mais pobres, O problema é que esta grande fatia da sociedade não se preocupa com a ameaça da volta à censura na imprensa ou se as áreas verdes serão mais e mais devastadas para sustentar um plano incabível de reforma agrária a que deram o nome de “Código Florestal”. Basta que lhe garantam a “bolsa família” e, se for possível, um pouco mais de saúde, setor tão desprezado até então pelo governo Lula.
A saúde, que sempre foi a marca principal do Serra, na campanha deste candidato aparece em alta, e é reforçada pelo pequeno aumento no salário mínimo e inclusão do 13º no “bolsa família”. Como Marina e PV não se posicionaram a favor de nenhum dos dois, Serra se apropria da imagem da bandeira verde para falar de meio ambiente, mas nada tão sério que garanta projetos sustentáveis.
Serra é o candidato da moderação. É comedido em tudo o que faz e não tem a ousadia de um Lula. O aumento do índice percentual de intenções de voto para Serra fez com que a bolsa de valores subisse, o que denota que os empresários preferem apoiar uma economia mais estável, que é o que se consegue com Serra. Mas, até onde se pode confiar nessa estabilidade com Serra na presidência e uma maioria petista no senado e na câmara?
Notadamente, nosso problema não é em quem votar, mas em quê.
Da minha parte, creio que o Brasil precisa de alguém no poder com idoneidade, lucidez frente às necessidades sociais, ambientais e econômicas e com iniciativa própria, sabendo o que faz. Por isso meu voto no primeiro turno foi para Marina Silva.
Alguém como Marina, que aprendeu sozinha e resistiu ao ninho petista sem vender a própria alma, tem ao mesmo tempo a ousadia necessária para fazer o país avançar e a prudência para lidar com esse avanço de maneira segura e positiva, pensando não só no agora, mas também no porvir.
Porém, nós perdemos a chance de eleger Marina nesta eleição. Então, votaremos em quê? No PT, que seguramente fará de Dilma sua marionete para assumir declaradamente o poder e avançar, sim, mas com sua estratégia ditatorial, ou no PSDB e suas coligações, que puxam de volta o estado morno que coloca o país sempre no tempo futuro?
Pessoalmente, não sei o que fazer. Como o principal, que é a educação, ficou de lado tanto do lado de Dilma quanto do lado de Serra, que apresentaram propostas sem expressão e muito mal elaboradas, meu coração diz “anule” e confie apenas no povo, com sua capacidade de discernir o que é bom e o que é perigoso.
Se der Dilma, que estejamos preparados para clamarmos pelo impeachment na primeira punhalada em nome da ditadura e da censura. E, se der Serra, que estejamos preparados para cobrarmos algo a mais do que ele promete, sobretudo, nos quesitos educação, desenvolvimento sustentável e meio ambiente.
No mais, desejo a todos um excelente dia de votação.

Lúcia Roberta Mello

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cara a cara com os dragões

Mitos, lendas e muita imaginação são os componentes mais frequentes na hora de rechear a torta das verdades que buscamos. Cada um usa o recheio que quer, mas a massa podre da torta é feita com fragmentos da memória que trazemos de tempos longínquos, muitos anteriores a Terra, e alguns poucos anteriores a este Universo.
Dizem que um bom prato depende da mão do cozinheiro; eu digo que quem faz a fama de um cozinheiro é o paladar de quem degusta. E quem se dispõe a provar verdades deve estar disposto a gostar do amargo. Porque, nesta humanidade, as pessoas encontram doce nas ilusões que acomodam o ego na zona pessoal de conforto, deixando o amargo para as verdades libertadoras da alma.
Este é um assunto muito profundo e sério, por isso o inicio com analogias. Trata-se, todavia, do encontro com a nossa própria verdade cósmico-espiritual.
Quando crianças, sofremos o aprendizado de que doces são prêmios de consolação, de aprovação e de comemoração pelo afeto trocado com nossos pais e tutores; e aprendemos que o amargo é o remédio para prevenir dos males ou curar nossas doenças. E porque preferimos aos doces, tornamo-nos mimados e caprichosos, barganhando os nossos favores em troca do que mais nos apetece. Depois de um tempo, amargo mesmo, só em situações extremas.
Na vida espiritual fazemos o mesmo. Vivemos num mundo de doces ilusões, barganhamos nossos potenciais por facilidades e visamos atender mais aos desejos do ego que aos do espírito. Rejeitamos, por outro lado, o trabalho do melhoramento íntimo, o mergulho na profundeza da nossa alma, onde reside a memória do espírito que somos, cuja verdade nos parece amarga.
Isto resolveu nossos problemas durante algum tempo, mas agora a maturidade espiritual recai sobre nossos ombros e não há mais como tapar os olhos para a realidade. Insistente e amorosamente, ela bate à porta da nossa geração gritando que não vai embora enquanto não conseguir entrar em nossas consciências.
Adultos vão ao amargo por conhecerem o bem que o amargo leva à preservação da saúde, Assim é com os espíritos maduros: vão à verdade porque sabem que, ainda que amarga para o ego, ela é doce quando revela o divino em nós.
Desvendar os mistérios da alma é passar pelo vale amargo das verdades do nosso passado no mal para reencontrar o néctar divino da centelha sagrada que habita em todos nós: nosso eu superior.
O problema do ser humano, como bem diz Robson Pinheiro em seu livro “Legião – Um olhar sobre o reino das sombras", é que todo mundo quer ser apenas luz, negando a sombra que existe dentro de si.
Jesus disse: “Vinde a mim as criancinhas”, e não vinde a mim os espíritos infantis apegados a seus caprichos. Conquanto, ele falou e agiu pelos doentes, e não pelos sãos.
A modernidade que descende do século 20 veio preparando a humanidade para entrar em contato com a própria sombra de uma maneira suportável. Com a onda de autoajuda que assolou o ocidente, muitas ferramentas brotaram no mundo esotérico: os florais, o Jogo da Transformação, a popularização do Maha Lila, do I Ching e do Tarô de autoconhecimento, o Reiki e seus derivados, o Renascimento (técnica terapêutica de respiração) a Cinesiologia Terapêutica, o RPG e muitas outras.
Do Jogo da Transformação, que foi desenvolvido pela Findhorn Foundation, uma comunidade de pessoas com experiências e partilhas voltadas para a vida holística, construída em sistema sustentável de ecovila (uma das primeiras ecovilas do mundo), é um jogo cuidadosamente criado para imitar a experiência da reencarnação e identificar o modo próprio que a pessoa utiliza para caminhar por essa trilha nos níveis físico, emocional, mental e espiritual.
Inspirada no jogo, Sônia Café, que é uma das focalizadoras do jogo, escreveu livros como “Meditando com os Anjos” e o “Livro das Atitudes”.
Formada em Letras, Sônia Café atuou como consultora editorial da Editora Pensamento-Cultrix durante 20 anos. Hoje é pesquisadora da empresa Amana-Key para assuntos ligados ao desenvolvimento da consciência humana. No início dos anos 80 participou da criação da Uniluz, centro de vida espiritual e educação holística localizado em Nazaré Paulista, hoje transformado em Universidade da Luz, onde continua atuando como associada e conselheira.
Foi nesta comunidade de Nazaré Paulista que eu a conheci e tive contato com o seu livro “Transformando Dragões”, onde Sônia relaciona 64 dragões muito graciosos que mostram os padrões negativos com que atuam em nosso comportamento, e a forma de transformá-los, pela alquimia interior, em padrões positivos.
Foi desde então que eu percebi que a estratégia da luz de inspirar ferramentas de transformação real estava em andamento na Terra. E pela primeira vez de uma forma popular ou que se poderia popularizar, ousava mostrar que é possível transformar o íntimo rapidamente, derrubando a perspectiva de distanciamento infinito entre nossa personalidade e nosso deus interior que até então formava a visão geral dos interessados em melhoramento pessoal.
O movimento esotérico, apesar de muitas vezes representar uma maquiagem para os falsos neófitos do bem, serviu e serve para trazer à mente humana encarnada a ideia de que é possível, a qualquer um de nós, acender a luz da alma, reintegrar-se a Deus e vencer o mal que fora implantado em nossos padrões há muito tempo.
Os dragões de Sônia Café deram forma às mudanças que fizemos em nós desde os tempos em que o mal foi disseminado na raça humana terrena, mostrando-nos claramente como agimos em comunhão com tais influências, ao mesmo tempo em que nos revela seu oposto positivo, tornando-o acessível.
Tudo isso foi e é muito bom, mas está inserido apenas no contexto psíquico dos seres humanos terrenos. E, especialmente os dragões, não poderiam ser vistos apenas pela imagem reflexa de um psiquismo corrompido. Teríamos, mais cedo ou mais tarde, de enfrentá-los cara a cara, não apenas dentro de nós, mas em seu berço; e, se não pessoalmente, através da revelação do que está por trás das cortinas que separam a consciência encarnada da realidade espiritual.
Quem finalmente descortina para o mundo essa realidade é Robson Pinheiro, através da trilogia O Reino das Sombras, uma obra tratada com rara seriedade o lado obscuro desta humanidade, e que deve ser lida e estudada por todo aquele que se diz espírita ou todo aquele interessado na vida espiritual, pelo menos.
Se o esoterismo revelou as faces psíquicas do mal em nós, o trabalho de Robson Pinheiro revela onde e como esse mal reinou aqui na Terra e onde e como seus representantes atuaram e, infelizmente, ainda atuam.
É prudente, todavia, que os munamos de cautela ao tentarmos compreender a matéria e fugirmos do determinismo característico do modo dedutivo daqueles que possuem pouco conhecimento.
Os “dragões do mal”, como Robson Pinheiro denomina os seres vinculados à causa maligna oriunda do processo conhecido na Terra como Rebelião de Lúcifer, não representam toda a espécie de extraterrestres que se vitimaram com o distúrbio vibratório que marcou a rebelião luciferiana, de modo que nem todo exilado de Capella que veio para a Terra é um dragão do mal ou um draconiano.
Também é lícito dizer que nem todo aquele que sobreviveu no mal às ações de resgate da luz é oriundo de uma mesma raça cósmica.
Estes são assuntos muito mais amplos e profundos do que o que nos é permitido tratar com esses estudos, de modo que devemos, outrossim, beber de muitas fontes e aguardar o tempo do entendimento real destas coisas.
Que sejam, pois, estudados, estes temas, mas jamais tomados como guia para nossas vidas, a não ser no aspecto de investirmos sempre e continuadamente, com a maturidade alcançada, em nosso melhoramento íntimo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ANJOS DECAÍDOS

"Existem verdades que ainda não encontraram seu tempo para serem devidamente percebidas, delas restando somente vislumbres, para os que vivem na Terra".

Dessas verdades, surge o importante livro de Jeane Miranda de Sousa, cuja leitura recomendamos.

Consulte e baice gratuitamente no endereço abaixo:

http://www.facebook.com/l/0017f;www.orbum.org/2010/08/livro-anjos-decaidos/

Jesus ou Barrabás?

A escolha por Barrabás no lugar de Jesus há dois mil anos reflete nossa tendência a exercer uma política de respostas imediatas que sustenta dominadores e dominados, em detrimento da política de amor incondicional exemplificada por Jesus.


Há cerca de dois mil anos, o povo judeu foi interpelado pelo império romano para saber qual dos prisioneiros seria libertado no dia da Páscoa dos judeus: Jesus ou Barrabás. Passados estes dois milênios, ressona em nossos espíritos o mesmo senso político de dualidade. O que isto quer dizer?
Barrabás é o nome que damos para Bar-abbâ, Bar Abbas ou Bar Aba (o filho do pai, por tradução do aramaico). Ele foi um revolucionário revoltado contra o jugo judeu ao império romano, que praticava impostos exorbitantes e desmedidos, que recebiam sem escrúpulo, muitas vezes tirando até mesmo o instrumento de trabalho dos devedores.

No caso de Barrabás, que era originário da cidade de Jopa, ele possuía um bote com o qual exercia a profissão de remador, e este lhe fora confiscado pelos romanos diversas vezes, por recusar-se a pagar tão altas taxas de impostos.

Forte, extrovertido e bruto, Barrabás tornou-se uma espécie de líder rebelde de um grupo de zelotes (zelotes eram membros de um partido judeu do tempo de Cristo, que se opunha à dominação romana, mas também era incompatível com a soberania do Deus de Israel) dos mais violentos.

Barrabás dedicou-se, assim, a roubar e saquear de quem quer que fosse, mas, com especial apreço, aos cobradores de impostos. Arrebanhou diversos seguidores à sua volta e, um dia, seguiu incógnito para Jerusalém, onde foi finalmente preso.

Jesus, que viveu à mesma época e situação geopolítica que Barrabás, a seu modo, também foi um revolucionário agitador que arrebanhava em torno de si diversos seguidores; e estes, tal como os seguidores de Barrabás, também viviam revoltados com a situação política que imperava na extensão de terras de domínio romano.

Ao contrário de Barrabás, porém, Jesus jamais empunhou uma espada ou proferiu palavra alguma de condenação, revolta ou ira contra quem quer que fosse. Quando muito, deixou transparecer sua indignação com os vendilhões do templo, aos quais expulsou de lá como forma de condenação ao comércio das coisas santas. Fora isto, sua ação foi sempre pacífica e sua fala de verdade e consciência. Não se opunha ao império, mas pregava uma linha de conduta naturalmente oposta à praticada por Roma.

Assim, aos olhos do governo local da época, ambos feriam o status político romano, cujas estratégias eram criadas com vistas à dominação e conquista expansiva de territórios.

A realidade política que sustenta as hordas de dominadores e dominados em lados opostos de uma mesma gangorra social não é exclusividade da época do império romano. Em geral, os governos ainda se distanciam da máxima governamental de zelar pelo seu povo e, ao contrário disto, subjugam-no educando-o e mantendo-o a serviço de seus próprios fins, não importam quais sejam estes.

Os lados que se contrapõem ao governo costumam se exaltar e criar muito mais balbúrdia e desordem; isto quando não empunham espadas que ameaçam o tempo todo qualquer tentativa de se criar estabilidade e concórdia.

A proposta política de Jesus não compactuava nem compactua com a violência ou com a imposição de nenhum dos dois lados, ou seja, nem por parte do governo, nem por parte do povo a ele submetido. Jesus trouxe para o mundo uma concepção política de melhoramento íntimo e pessoal, onde ninguém espera nada do outro, mas dá tudo de si para o bem comum.

Alguns representantes políticos têm atestado estarem trabalhando pelo exercício político cristão, porém, confundindo o sentido cristão com os ditames católicos impostos por uma igreja de berço romano, que sempre agiu e imprecou conforme sua própria sede de poder e dominação.

Pelo visto, a ânsia de dominar tornou-se inerente ao ser humano e marcou o Estado de Roma e sua descendência com especial atenção, dando-lhe ênfase histórica.

Os séculos passaram buscando uma adaptação. De lá para cá, a Igreja tomou o Cristianismo para si desvirtuando-lhe o berço das intenções jesuíticas. Adaptou, com seus cânones, as ideias pacíficas difundidas por Jesus ao caráter tendente à submissão de seu povo; ditou normas de conduta e, finalmente, em 1518, criou o "Livro das Taxas da Sagrada Chancelaria e da Sagrada Penitenciaria Apostólica", onde de um lado estava o preço a se pagar por cada pecado cometido e, de outro, o pecado ao qual se referia.

Como tudo o que mexe com o bolso do ser humano tende a definir sua predileção, mais uma vez o povo se revoltou e, da revolta, surgiu o Protestantismo.

Cheios de boas intenções, mas intimamente maculados pelo instinto selvagem de Barrabás, os protestantes de então fincaram pé em terras norte-americanas; e lá, não fizeram outra coisa senão exercerem suas tendências de dominação herdadas da mesma Roma que pretenderam combater, fazendo dos Estados Unidos da América um país de despotismo, lutas imorais e domínio econômico destrutivo.

Nossa consciência política aqui no Brasil, coisa da qual nos vangloriamos todo dia e, sobretudo, neste instante eleitoral em nosso país, não se difere em nada dos povos que a história registrou. Estamos, outrossim, igualmente reduzidos ao que os nossos bolsos ditam: se nos proporcionam maiores rendas, ganham nossos votos; se nos tiram o que era para nosso sustento ou deleite, ganham nossa oposição.

Quem, afinal, pode se dizer ao lado de Jesus ou ser um eleitor verdadeiramente cristão? Quem é dotado de tamanha ousadia amorosa que pode se fazer e se realizar através da própria doação, sem contestar ou agredir ao governo, mas, ao contrário, respeitando seus intentos e limites, porém, não se submetendo às atrocidades que aquele comete contra o povo, mostrando-se não submisso, imparcial ou alheio, mas atuante no bem, vigilante na verdade e pleno no amor?

E se também não há algum político cristão habilitado em dar a seu povo sem nada desejar em troca, e interessado em promover a sublimação do seu povo através da educação filosófica, da prática do amor fraternal e das leis maiores, de quem deve ser o primeiro passo senão de nós mesmos, eleitores e cidadãos, ainda que, partindo de uma mera reflexão?

Na verdade, o que está em discussão não é o fato de sermos verdadeiramente cristãos, mas o fato de sermos verdadeiramente livres, amorosos e sábios, como Jesus o foi.

Nossa situação planetária revela o quanto estivemos agindo de maneira inadequada e egoísta até aqui. Porém, continuamos a agir como crianças mimadas que pedem, exigem e batem o pé quando não ganham o que querem.

Em pior situação, somos como zelotes, preferindo a revolta, o saque e a violência como resposta ao nos cobram para viver ou sobreviver.

Não somos como Jesus, isto está óbvio. Porém, não tentarmos ser como ele está piorando os problemas do mundo. E isto não é uma questão religiosa, mas sim, uma questão política da mais séria.

Nosso dever, portanto, como cidadãos e eleitores, é o de respeitar os governantes, acatar as leis dos homens, mas, de modo pacífico, imperioso e constante, praticarmos o que for possível pela sobrevivência desta casa planetária. Esta é a mudança que devemos operar em nosso próprio comportamento e em nosso íntimo, dependendo disto o nosso futuro da nossa humanidade.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Iniciação de Malik Dinar

Depois de muitos anos de estudo sobre temas filosóficos, Malik Dinar achou que chegara o momento de viajar em busca de conhecimento.
– Irei à procura do Mestre Oculto, de quem é dito também achar-se na parte mais profunda de meu ser – disse ele para si mesmo.
Saíra de sua casa levando como alimento apenas algumas tâmaras, quando se encontrou com um dervixe que caminhava com certo esforço pela estrada empoeirada. Malik se pôs a caminhar junto a ele em silêncio. Finalmente, o dervixe perguntou:
– Quem é você e para onde se dirige?
– Eu sou Dinar, e inicio a viagem em busca do Mestre Oculto.
– Eu sou El-Malik El-Fatih, e seguirei com você – disse o dervixe.
– Poderá ajudar-me a encontrar meu mestre? – indagou Dinar.
– Posso ajudá-lo; e pode você ajudar-me? – perguntou Fatih no estilo meio irritante, próprio dos dervixes. – O Mestre Oculto, segundo dizem, reside no próprio ser do homem. A maneira de encontrá-lo depende do uso que se faça da experiência. E isto é algo que só é transmitido parcialmente por um companheiro.
Pouco tempo depois, chegaram ao pé de uma árvore que estava balançando e se inclinando. O dervixe parou e disse após alguns instantes:
– Esta árvore está dizendo: "Alguma coisa me incomoda, parem e tirem de meu flanco a causa desse incômodo, a fim de que eu possa repousar".
– Estou com certa pressa – retrucou Dinar. – E, além disso, como pode uma árvore falar? – E seguiram seu caminho.
Algumas milhas adiante, o dervixe disse:
– Quando estávamos perto da árvore, julguei ter sentido cheiro de mel. Talvez haja algum ninho de abelhas no interior da árvore.
– Sim, deve ser isso – disse Dinar. – Voltemos lá depressa, assim poderemos recolher o mel para nos alimentarmos com uma parte dele e vender a outra para nos mantermos durante a viagem.
– Como queira – disse o dervixe.
– Quando se acercaram novamente da árvore, viram que outros viajantes já tinham se antecipado, recolhendo uma grande quantidade de mel.
– Que sorte a nossa! – diziam aqueles homens. – Aqui há mel suficiente para alimentar todo um povoado. Nós, pobres peregrinos, poderemos agora converter-nos em mercadores. Sim, nosso futuro está garantido.
Dinar e Fatih seguiram seu caminho.
Pouco tempo depois, alcançaram o sopé de uma montanha, onde ouviram um zumbido. O dervixe encostou o ouvido no solo e então disse:
– Debaixo de nós há milhões de formigas construindo uma colônia. Este zumbido é um pedido coletivo de ajuda. Na linguagem das formigas, quer dizer: – Ajudem-nos, ajudem-nos. Estamos escavando, mas esbarramos em pedras estranhas que impedem nosso avanço. Ajudem-nos a tirá-las do caminho! – Devemos parar e ajudá-las ou prefere seguir em frente? – indagou o mestre dervixe.
– Formigas e rochas não são assunto nosso, irmão – disse Dinar. – Pois eu, de minha parte, estou à procura de meu mestre.
– Está bem, irmão – falou o dervixe –, embora digam que todas as coisas se acham relacionadas, e isto poderia ter uma certa conotação conosco.
Dinar não prestou a devida atenção ao que o velho murmurava, e assim foi que seguiram adiante.
Fizeram uma parada ao anoitecer, e aí Dinar deu por falta de ser canivete.
– Devo tê-lo deixado cair perto daquele formigueiro. Amanhã voltaremos lá. Na manhã seguinte, ao chegarem novamente ao lugar do formigueiro, não encontraram nem sinal do canivete de Dinar. Em troca, viram um grupo de pessoas cobertas de barro, descansando junto a uma pilha de moedas de ouro.
– Fazem parte de um tesouro escondido que acabamos de desenterrar – explicaram aquelas pessoas. – Seguíamos pela estrada quando um velho e frágil dervixe nos disse: “Cavem neste lugar e encontrarão aquilo que para uns é simples rocha e para outros, ouro”.
Dinar lamentou sua má sorte e observou:
– Se tivéssemos parado um pouco aqui ontem, você e eu estaríamos ricos agora, ó dervixe.
– Forasteiro, o dervixe que o acompanha se parece bastante com o que vimos ontem à noite – disseram os que haviam achado o tesouro.
– Todos os dervixes se parecem muito – disse Fatih. E retomaram seu caminho.
Dinar e Fatih prosseguiram viagem, chegando alguns dias depois às margens de um belo rio. O dervixe parou e, enquanto esperavam sentados a chegada de uma balsa, um peixe pulou fora d'água várias vezes, sempre perto dos dois viajantes.
– Este peixe nos envia uma mensagem – disse o dervixe. – Ele diz: – Engoli uma pedra que me sufoca. Segurem-me e me deem certa erva para comer, assim poderei vomitar a pedra e me sentir aliviado. Caminhantes, tenham piedade!
Nesse instante a balsa chegou, e Dinar, sempre impaciente para seguir viagem, empurrou o dervixe para dentro da embarcação. O barqueiro mostrou-se agradecido pela moeda que deram e Fatih e Dinar dormiram bem naquela noite, na margem oposta, numa casa de chá para viajantes que fora construída por alguma alma caridosa.
Na manhã seguinte, estavam tomando chá quando apareceu o barqueiro. Segundo ele, a noite passada fora muito afortunada. Os peregrinos lhe haviam trazido sorte. Beijou as mãos do venerável dervixe, para receber sua benção.
– Você bem o merece, meu filho – disse Fatih.
O barqueiro agora era um homem rico. Explicou aos dois homens o que realmente lhe acontecera. Já se dispunha a voltar para casa quando vira o dervixe e seu companheiro sentados à margem do rio, aí resolveu fazer mais uma viagem, ainda que eles parecessem pobres, a fim de obter a "baraka", isto é, a benção pela ajuda prestada a um viajante. Mais tarde, de retorno à outra margem, viu um peixe que parecia muito aflito. Estava junto à margem do rio e tentava engolir algo. Aí o barqueiro pôs uma erva com cuidado na boca do peixe. Este vomitou uma pedrinha e voltou à água. Pois bem, a tal pedra era um grande e perfeito diamante de incalculável valor e brilho.
– Você é um velho demônio! – gritou Dinar, furioso, ao dervixe Fatih. – Estava a par dos três tesouros graças a alguma percepção oculta, e no entanto nada me revelou nas três ocasiões apropriadas. Isto é que é o verdadeiro companheirismo? Antes, a minha má sorte era muita, mas sem você jamais teria conhecido as possibilidades ocultas em troncos de árvores, formigueiros e peixes!
Mal dissera tais palavras, sentiu como se um forte vento lhe sacudisse o íntimo. Então, compreendeu que acabara de dizer o reverso da verdade. O dervixe, cujo nome significa Rei Vitorioso, tocou suavemente o ombro de Dinar, sorriu e disse:
– Agora, irmão, descobrirá que pode aprender com a experiência. Eu sou aquele que se acha a serviço do Mestre Oculto.
Quando Dinar se atreveu a erguer a vista, viu seu mestre afastando-se pela rua com um pequeno grupo de viajantes que discutiam sobre os riscos da longa jornada que os esperava.
Hoje, o nome de Malik Dinar figura entre os principais dervixes, companheiro e modelo, o Homem que Chegou.
Malik Dinar foi um dos primeiros mestres clássicos. O Rei Vitorioso desta história é uma encarnação das “funções superiores da mente” as que Rumi denominava "O Espírito Humano", que o homem deve cultivar antes que possa operar de uma maneira iluminada.
A presente versão é creditada ao Emir el-Arifin.
Extraído de'Histórias dos Dervixes'Idries ShahNova Fronteira 1976